21 maio 2010

Highway to.. onde?

Take 1

Lá estou eu num onibus, tranquilo, ouvindo minha música, com a cabeça em lugar nenhum, como sempre. Passados nem 5 minutos lá dentro, vejo uma movimentação e quando percebo há toda uma gritaria na parte de tras. Aí começa a brincadeira. A 1ª coisa que presto atenção lá atras, é uma garota dando o dedo e xingando para uma moto que vinha logo atras do onibus. A partir daí o caos. Ela e outros 3 caras começam a gritar "- Mete o pé motor, não para não porque esse cara de moto quer pegar a gente".
Eu continuo lá no meu lugar, vendo aquilo tudo e sem nem tirar os meus fones do ouvido. Até porque, o que mais me restaria a fazer não é. Em um certo ponto, já passados uns outros 5 minutos de gritaria, duas motos agora perseguem e logo ultrapassam o onibus. É quando a gritaria intensifica. As motos começam a rodear e a frear na frente do onibus. Como se já não fosse cena de filme o bastante, vide Onibus 174, o motorista começa a correr com o onibus e tentando desviar dos motoqueiros, no melhor estilo Velocidade Máxima de ser.
Tenho que dizer que foi legal imaginar a Sandra Bullock dirigindo o onibus.
Voltando. Depois desse momento cinematográfico, os dois motoqueiros aceleram e somem na nossa frente. Nesse momento, todos no onibus deviam estar pensando "- É porque tá chegando perto do posto policial". Mas nada disso, chegando ao próximo ao posto da polícia, quando eu já pensava "- acabou a brincadeira?". Quase. Quando avistamos o posto policial, um dos motoqueiros está saindo de lá. Como que avisando aos policiais o que estava acontecendo. Entendeu? Não? Nem eu. Aí em mais uma cena de filme, os policiais entram na frente do onibus, com arma apontando e tudo, e mandam descer os 4 baderneiros do onibus. E acabo o 1º ato.

Take 2

Agora apenas algumas notas mentais.
Começando pelo começo. Por que a desgraça da garota tava dando o dedo e xingando o cara do moto? O que se passa na cabeça desses seres? Provavelmente nem conhece a criatura da moto e só o fez por rixas entre facções. É incrivel a religiosidade estilo Faixa de Gaza que essas facções adotam. Já nascem inimigos mortais. Um Romeu e Julieta dos tempos modernos. Enfim, nada mais do que mais um sintoma do fim do mundo.
Outro ponto interessante. A calma com que o motorista e o trocador agiram com aquilo tudo, como se acontecesse todo dia essas coisas. Eu estar estranhamente calmo, tudo bem, já me conformei com meu jeito de ver o mundo, de não ligar para coisas que usualmente as pessoas ligam. Mas eles dois, ali, como se fosse um dia normal de trabalho? Isso é assustador. Perceber que isso é um fato comum, que acontece sempre e NINGUÉM faz nada para mudar. Aceitar como normal esse tipo de coisa é um absurdo. Não que seja apenas isso, mas dá facilmente para generalizar. E também, nós sempre ouvimos falar desse tipo de coisa, não é nenhuma novidade para nimguém, e até de coisas piores ao nosso redor, mas prefirimos seguir as nossas vidas como algo impossivel de acontecer conosco. Porém, está tudo mais perto do que pensamos. Nos espreitando, como vampiros se preparando para dar o bote. Eu podia agora entrar para o lado político da coisa mas prefiro não entrar agora nesse mérito.
E por último o mais legal. Eu fui o único dos outros passageiros a ser revistado. Teria eu cara de bandido?