20 julho 2010

Se Deus não está aqui, tudo é permitido.

Que lindo começar já com Dostoiévski um post.
Mas isso aqui é para falar do livro que estou lendo. Depois verão como se encaixa Dostoiévski nesse contexto.
Inimigo Público Número Um, é uma autobiografia bem incomum do maior criminoso dos EUA na década de 30, Alvin Karpis, lançado em 1973. Para se ter uma idéia do que ele foi, nada nada, ele fico somente 17 anos preso na solitária na famosa Alcatraz.
Agora trarei um trecho da introdução do livro, onde se encontra diversos fragmentos do que era Alvin Karpis e tambem traz o modo de pensar dele. O interessante é ver essa maneira de pensar e já na antiga década de 30.

"Já venho falando com Mickey Cohen e misturando-me ao seu círculo no submundo há alguns anos. Dos meus contatos deduzi algo que acho da maior importância para o conhecimento antropológico. O criminoso não possui ódios ou medos - exceto alguns muitos particulares. Ele é, possivelmente o único ser humano que olha a sociedade como algo admirável. Não aspira à luta, à reforma ou msmo à racionalização. Quer apenas roubá-la. Admira-a da mesma forma que um homem faminto admira um leitão assado com uma mação na boca.
Fiquei satisfeito com a descoberta, pois até agora só tinha lido o contrário. A sociedade, conforme sociólogos e alguns intelectuais entendidos, não gera criminosos. Más moradias, más companhias, maus governos etc. têm pouco a ver com o porquê da existência de assassinos, ladrões e foras-da-lei. Assim sendo, o criminoso não tem qualquer relação com a sociedade. Ele faz parte de um todo da alma humana e não de suas instituições. è uma velha história. Mil pregadores, uma colônia de férias de rapazes, ou um congresso de psiquiatras dificilmente penetrariam num criminoso menor. Quanto ao criminoso em potencial, não poderia jamais ser tocado pela sociedade porque ele opera num nível de tempo muito diferente. Ele é a nossa parte anti-social - o macaco que rejeitou a coleira... O criminoso nos seus momentos fora-da-lei é uma das pessoas mais felizes e contentes entre nós...
Enquanto permanecer um criminoso estará tão livre de problemas de consciência quanto o mais honesto dos guarda-livros. Come bem, dorme bem, vive bem e a sua única desvantagem é a possibilidade de morrer antes do tempo por uma bala inimiga, a câmara de gás ou a cadeira elétrica."

Sou dos que pensam que a sociedade realmente cria monstros, assim como cria religiões. Com o objetivo de ter as pessoas presas a um paradigma em que as possa controlar da maneira que a satisfaça.
É por isso, que quando li isso, um relato real sobre tal assunto até me surpreendi. Me veio na cabeça o seriado Dexter, quem vê ou lê Dexter sabe do que estou falando, é bem legal ver que certas insanidades realmente não ficam somente no mundo da ficção.
Além disso, este trecho traz um modo de pensar, que não vejo ter mudado muito para o que acontece hoje em dia.
A criminalidade, criminosos, fazem tanta parte da sociedade quanto uma pessoa qualquer. Se tem pessoas, tem crime. É axiomático. É aquela velha do humano, demasiado humano. Nada mais.
Se fala em paz no mundo, é ONU aqui ou ali, é meio ambiente se revoltando, é salvar o mundo e tal. E a mídia divulgando essa propaganda feliz consigo mesma da sua ajuda nem um pouco tardiamente a humanidade, como se estivesse tudo sobre controle agora que eles estão falando sobre o assunto.
E é nessa hora que se vê como ignorância é uma benção mesmo. Só mesmo pessoas alienadas, capazes de seguir religiões e igrejas (decadentes), são capazes de comprar essa idéia e viver feliz com isso.
Se queres ser feliz, iluda-se!
Diferente do que dizem, a arte não imita a vida. É apenas um fragmento da verdade, a verdade é sempre mais amarga do que se imagina.

Enfim, não achei link do livro na internet, e nem achei lugares que o venda. Quem quiser, posso até emprestar, isso se ele durar até lá.

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